Poucos dias depois conheci Amanda Alexandre, havíamos nos
conhecido através da internet, as duas procurando um lugar pra morar na
gigante Belo Horizonte, eu vinda da Paraíba, ela de Goiás! Ela já conhecia a cidade e era habitué, me levou
pras farras mais loucas, topou fazer as programações mais estranhas, e a
gente comeu, e como eu comi! Saí de João Pessoa pesando53kg, voltei com 59kg! Não gosto nem de lembrar como eu voltei fofinha. Mas
nem todo programa de gula, foi com Amanda, o tal do pastel de angu,
acabou comigo também! Ô trem bom sô! Foram muitas porções de pastel de angú, muitas brahmas, pestiquinhos e aventuras erradas na cozinha.
Dias depois começaram minhas aulas da Escola Livre
de Cinema de BH. Da turma, conhecia virtualmente Felipe Correa, nos
achamos na comunidade do Orkut da Escola, e acho que por sermos os
"forasteiros", a gente logo uniu os nossos poderes, e daí surgiu um
irmãozinho capixaba e de festas! Além de Felipeta, tive o enorme prazer
de ter como colegas e professores, algumas das melhores pessoas de Minas. Não há como esquecer a turma de cinema do turno da noite, era muita
animação concentrada numa sala de aula, tanto que fazíamos hora extra
nos bares! Ai como era bom. E sem, esquecer de algumas malas sem alças
que passaram por nossa turma, mas esses só servem pra gente lembrar e
tirar onda! Se não fosse pela E.L.C BH, eu não teria conhecido pessoas
tão queridas que carrego sempre comigo, Luiza e Mariana são amigas que
vou levar para a eternidade, são pessoas que me deram muita força e dão
até hoje. E apesar de não manter o mesmo contato com o pessoal da turma,
tenho muito carinho por todos e todas, e que se eu fosse parar pra
contar histórias, eu faria lindos relatos sobre cada um.
Acredito que um mês depois eu já me sentia parte de
tudo que fazia parte de dentro e fora da Av. Contorno. Apesar de quase nunca
saber aonde eu estava, eram nessas horas de desorientação total é que eu
pensava no mar e como ele me orientava. Os mineiros falavam que era só
eu me orientar pelo pirulito da praça sete, me desculpem, mas nunca
funcionou comigo. Continuei me perdendo e me achando do dia que cheguei ao
dia que fui embora, e foram tantas das histórias que valeu a pena demais
ser desorientada. Afinal, não é nada fácil estar numa cidade que as
ruas mudam de nomes durante as noites só pra te perturbar!
Serei eternamente grata aos meus colegas/amigos da Escola. A cada curta que fizemos, tivemos que aprender a lidar com as coisas que dão erradas, a rir quando elas acontecem, a ter jogo de cintura pra fazer dar certo. Nas filmagens de "No Banheiro", eu quase fui expulsa da república porque a gente usou o apartamento como set, obviamente com a autorização das outras 5 moradoras, mas como eu tinha uma colega de casa que era um pouco rabugenta (gente boa, mas mal humorada), quase que dava errado para mim. Sem esquecer das forças do "mal" que surgiram nas gravações de :Olho Mágico:, eu quase que voltava pra casa depois de ter tido um piriri; apagão em BH; excesso de velhinhos no dia da gravação no corredor do prédio do Sousa; equipamento preso dentro do carro junto com a chave, no dia da gravação da externa; a vesícula de Mari; é melhor parar por aqui! O "Damas", como foi construído com o tempo não teve tanta adversidades, eu só lembro dos diversos bailes funk/soul, do baile da saudade, das cervejas, das histórias fantásticas de mulheres sensacionais. Assim como os outros curtas também tiverem momentos engraçados e felizes, conhecer Teuda Bara, Heloísa Duarte (e todo seu desprendimento), Léo e Fernanda (elenco No Banheiro), trabalhar com Moacir Prudêncio Jr. (gênio, sou fã), orgulho das minhas diretoras (Rebeca de Paula, Cecília Gabrielan, Mariana Mattos e Luisa Moraes) e de toda equipe, que mesmo sem dinheiro, sem muita experiência, conseguimos fazer bons curtas.
E, não posso esquecer de mencionar, o casamento de Aline Cavalcanti. Ela foi a primeira das amigas a se casar. A cerimônia foi pequena, em Bambuí, interior de Minas. Mas foi bem bonita, lembro como se fosse hoje, Aline entranto na igreja, subindo ao altar e reclamando alguma coisa com Marcelo (marido), o Padre não soube colocar bem as palavras e usou um trecho da biblía sobre submissão da mulher, a bicha ficou arretada demais, braba feito um siri na lata, mas deu certo, o Padre se retratou e explicou o que queria realmente dizer!.A gente nunca esquece esses momentos bonitos de ver nossas queridas amigas felizes e casando.
Dessa experiência só tiro coisas boas, conheci
pessoas, aprendi a me virar, exerci a tolerância e a paciência, cresci
pessoalmente, deixei de ser aquela boboca que tinha vergonha de tudo e
me transformei numa mulher que não tem medo da vida, que está preparada
para o que vier. Não sei o que seria de mim sem essa vivência, eu
prefiro nem pensar, eu prefiro recordar de tudo que foi bom, das
conversas, das loucuras, das comilanças, das amizades e de quanto eu
cresci nesses 10 meses que estive lá! Hoje, 5 anos depois, lembro com
muito carinho de tudo que aconteceu, e carrego comigo desde que eu
voltei uma saudade grande do pedaço meu que ficou por lá.