terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Em BH

Hoje faz 5 anos que pousei, aproximadamente, às 6h da manhã, no aeroporto de Confins, em Minas Gerais. Meu destino era Belo Horizonte! Lembro que choveu bastante no dia em que cheguei, o que tornou meu primeiro dia em Beagá difícil, afinal, saí numa segunda-feira de carnaval (de Recife) diretamente para uma cidade que estava fria e cinza. Comigo iam roupas, acessórios, livros e todos os meus cds, tudo isso dividido entre minha mala gigante cor de rosa, uma mochila e a bolsa do computador. Na minha mão o endereço da casa de Binha Malafaia, que mesmo sem me conhecer, abriu a porta do seu lar e me fez sentir parte de sua família. E, em mim, uma mistura de saudade, de curiosidade, de ansiedade, era tudo e nada ao mesmo tempo, sensação doida que passou logo que encontrei meu primeiro rosto familiar, Aline Cavalcanti, com todo seu humor, brutalidade e carinho. É bom a gente ter um porto-seguro nos cantos por aonde a gente anda.

Poucos dias depois conheci Amanda Alexandre, havíamos nos conhecido através da internet, as duas procurando um lugar pra morar na gigante Belo Horizonte, eu vinda da Paraíba, ela de Goiás! Ela já conhecia a cidade e era habitué, me levou pras farras mais loucas, topou fazer as programações mais estranhas, e a gente comeu, e como eu comi! Saí de João Pessoa pesando53kg, voltei com 59kg! Não gosto nem de lembrar como eu voltei fofinha. Mas nem todo programa de gula, foi com Amanda, o tal do pastel de angu, acabou comigo também! Ô trem bom sô! Foram muitas porções de pastel de angú, muitas brahmas, pestiquinhos e aventuras erradas na cozinha.

Dias depois começaram minhas aulas da Escola Livre de Cinema de BH. Da turma, conhecia virtualmente Felipe Correa, nos achamos na comunidade do Orkut da Escola, e acho que por sermos os "forasteiros", a gente logo uniu os nossos poderes, e daí surgiu um irmãozinho capixaba e de festas! Além de Felipeta, tive o enorme prazer de ter como colegas e professores, algumas das melhores pessoas de Minas. Não há como esquecer a turma de cinema do turno da noite, era muita animação concentrada numa sala de aula, tanto que fazíamos hora extra nos bares! Ai como era bom. E sem, esquecer de algumas malas sem alças que passaram por nossa turma, mas esses só servem pra gente lembrar e tirar onda! Se não fosse pela E.L.C BH, eu não teria conhecido pessoas tão queridas que carrego sempre comigo, Luiza e Mariana são amigas que vou levar para a eternidade, são pessoas que me deram muita força e dão até hoje. E apesar de não manter o mesmo contato com o pessoal da turma, tenho muito carinho por todos e todas, e que se eu fosse parar pra contar histórias, eu faria lindos relatos sobre cada um.

Acredito que um mês depois eu já me sentia parte de tudo que fazia parte de dentro e fora da Av. Contorno. Apesar de quase nunca saber aonde eu estava, eram nessas horas de desorientação total é que eu pensava no mar e como ele me orientava. Os mineiros falavam que era só eu me orientar pelo pirulito da praça sete, me desculpem, mas nunca funcionou comigo. Continuei me perdendo e  me achando do dia que cheguei ao dia que fui embora, e foram tantas das histórias que valeu a pena demais ser desorientada. Afinal, não é nada fácil estar numa cidade que as ruas mudam de nomes durante as noites só pra te perturbar!

Serei eternamente grata aos meus colegas/amigos da Escola. A cada curta que fizemos, tivemos que aprender a lidar com as coisas que dão erradas, a rir quando elas acontecem, a ter jogo de cintura pra fazer dar certo. Nas filmagens de "No Banheiro", eu quase fui expulsa da república porque a gente usou o apartamento como set, obviamente com a autorização das outras 5 moradoras, mas como eu tinha uma colega de casa que era um pouco rabugenta (gente boa, mas mal humorada), quase que dava errado para mim. Sem esquecer das forças do "mal" que surgiram nas gravações de :Olho Mágico:, eu quase que voltava pra casa depois de ter tido um piriri; apagão em BH; excesso de velhinhos no dia da gravação no corredor do prédio do Sousa; equipamento preso dentro do carro junto com a chave, no dia da gravação da externa; a vesícula de Mari; é melhor parar por aqui! O "Damas", como foi construído com o tempo não teve tanta adversidades, eu só lembro dos diversos bailes funk/soul, do baile da saudade, das cervejas, das histórias fantásticas de mulheres sensacionais. Assim como os outros curtas também tiverem momentos engraçados e felizes, conhecer Teuda Bara, Heloísa Duarte (e todo seu desprendimento), Léo e Fernanda (elenco No Banheiro), trabalhar com Moacir Prudêncio Jr. (gênio, sou fã), orgulho das minhas diretoras (Rebeca de Paula, Cecília Gabrielan, Mariana Mattos e Luisa Moraes) e de toda equipe, que mesmo sem dinheiro, sem muita experiência, conseguimos fazer bons curtas.  

E, não posso esquecer de mencionar, o casamento de Aline Cavalcanti. Ela foi a primeira das amigas a se casar. A cerimônia foi pequena, em Bambuí, interior de Minas. Mas foi bem bonita, lembro como se fosse hoje, Aline entranto na igreja, subindo ao altar e reclamando alguma coisa com Marcelo (marido), o Padre não soube colocar bem as palavras e usou um trecho da biblía sobre submissão da mulher, a bicha ficou arretada demais, braba feito um siri na lata, mas deu certo, o Padre se retratou e explicou o que queria realmente dizer!.A gente nunca esquece esses momentos bonitos de ver nossas queridas amigas felizes e casando.  

Dessa experiência só tiro coisas boas, conheci pessoas, aprendi a me virar, exerci a tolerância e a paciência, cresci pessoalmente, deixei de ser aquela boboca que tinha vergonha de tudo e me transformei numa mulher que não tem medo da vida, que está preparada para o que vier. Não sei o que seria de mim sem essa vivência, eu prefiro nem pensar, eu prefiro recordar de tudo que foi bom, das conversas, das loucuras, das comilanças, das amizades e de quanto eu cresci nesses 10 meses que estive lá! Hoje, 5 anos depois, lembro com muito carinho de tudo que aconteceu, e carrego comigo desde que eu voltei uma saudade grande do pedaço meu que ficou por lá.

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