terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Cisne negro, minha leitura


Vou tentar chegar num ponto neste texto mas pode ser que eu não consiga já que quero falar de três coisas diferentes num só texto. O primeiro é crítica de cinema, não leio críticas nem sigo tendências de cinema, vejo o que eu quero e vejo filmes também pela companhia. O que eu não gosto de críticas é porque o crítico quer tornar as impressões dele na real, no entanto cada cabeça funciona de diferentes maneiras, então para cada filme existem mil e uma outras maneiras de se ler.

O segundo assunto dos três que vão envolver o Cisne negro é o balé. Estudei balé clássico dos 6 aos 11 anos de idade, parei por um motivo chamado: dedicação. Nunca gostei da ideia de disciplina radical, de ter que encolher a bunda e secar a barriga, ser magra, ficar ereta, usar uma sapatilha de ponta e sorrir, eram muitas regras para mim, preferi ter pés bonitos e fazer algo que me fizesse feliz. Mas de contradição acho lindo uma bailarina numa sapatilha de ponta sorrindo com o pé lascado dançando um balé clássico cheio de técnicas. 

O terceiro e último ponto: o filme Cisne Negro. Li a pouco um texto sobre o filme e sobre o quão superficial era a dança e como o filme havia sido feito para ganhar prêmios. Discordo dos dois. Acho que Natalie Portman bebe da mesma fonte de atuação de Gary Oldman, ela se doa por completa, ela interpreta por inteiro. Eu a vi no filme com expressão corporal de uma bailarina, atuando como se fosse uma. Ora, gente, cinema é magia, cinema é você acreditar naquilo que está vendo, e eu vi uma bailarina sofrendo a pressão de ser perfeita, de ter sido projetada para ser aquilo. 

Darren Aronofsky é um diretor que não segue a linha clássico narrativa de cinema, onde a câmera está firmezinha e você tem uma visão geral do que está acontecendo, que pode antecipar a cena ou deduzir o que vai acontecer. Ele usa uma câmera que está lá em cima do rosto da atriz, nos detalhes, não sei em vocês mas em mim, me dá uma angústia, uma agonia, e essas duas sensações estão sempre presentes nos filmes dele. Não assisti a “Pi” mas em “Réquiem para um sonho” e no “Lutador” essas sensações estão lá.

Minha leitura pessoal do filme é bem pessoal mesmo. A loucura não está tão longe da gente, às vezes mais perto do que a gente pensa. O ser humano por mais que se julgue forte é mais fraco do que aparenta. São nas fraquezas que a gente não demonstra que nossas loucuras se fazem presente. Eu entendo a Nina, ela queria ser a primeira bailarina, queria ser perfeita, precisava da maldade, da malícia para chegar até aonde precisava, então, por que não fantasiar, por que não criar, como não pirar? Conclusão: achei o filme sensacional. Desses que ecoam por um bom tempo e se abre para novas percepções.

2 comentários:

  1. Puts, adorei o texto. Senti a mesma agunia com relaçao a câmera O.o e concordo muito com toda sua fala. Ah, essa historia de ecoar o filme no juízo por um bom tempo é verdade... vai fazer uma semana q eu vi e ainda lembro de detalhes de muitas cenas. Esse filme foi feito mesmo pra chocar. Afff perfeito =)

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  2. Passo tanto tempo sem vir por aqui que perco os comentários. Obrigada, Ana. Se brincar o filme ecoa até hoje! =)

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